Brasil, 260 anos atrás dos países mais ricos

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A comparação entre o Brasil e os pesos-pesados da educação mundial, como Xangai e Finlândia, sempre ressalta com um punhado de notas vermelhas o quanto o país está distante da excelência. Agora o Banco Mundial, em um abrangente relatório divulgado nesta quarta-feira, conta a história com um ângulo diferente: a seguir o ritmo atual de avanço na sala de aula, os estudantes brasileiros só alcançarão o presente patamar de seus pares de nações mais ricas na habilidade da leitura daqui a 260 anos; em matemática o tempo é menor, mas mesmo assim não anima muito – 75 anos é o tamanho de nosso atraso.

Para traçar este cenário, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial se baseou nos dados do Pisa, a prova internacional que compara o desempenho de adolescentes de 15 anos em setenta países. O documento de 239 páginas examinou a educação em nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Chegou a algumas conclusões que enfatizam gargalos conhecidos com números impressionantes. Exemplos:

• Em quase todos os países, os jovens que querem ser professor tiram nota abaixo da média do Pisa, um nó daqueles, dado que alunos de ótimos mestres rendem três vezes mais.

• Dinheiro é bom, mas precisa ser bem gasto. Alemanha e Vietnã ficaram no mesmo patamar, sendo que um é rico e o outro, pobre.

O relatório aponta caminhos para países que vão mal no ensino darem uma virada. Um deles, certamente entre os mais emergenciais, é investir na criança desde o início da vida, fase em que o cérebro está em frenética atividade, formando as bases para o aprendizado mais tarde. “A criança que não recebe cuidados e estímulos básicos desde cedo entra na escola em alta desvantagem para aprender. Elas têm as piores notas, repetem de ano com frequência, deixam a escola e têm um quadro de saúde pior até a idade adulta”, diz a economista Magdalena Bendini, especialista em primeira infância do Banco Mundial.

Nos países da América Latina, o dinheiro que o governo deposita até os 5 anos de idade é um terço do que dedica à faixa dos 6 aos 11 – e nem sempre é bem utilizado. Há várias questões a atacar ao mesmo tempo em prol do bom desenvolvimento nos primeiros anos de vida, a começar pelo mais básico, a boa nutrição: um terço das crianças com menos de 5 anos de países mais pobres ainda são fisicamente atrofiadas em razão da desnutrição crônica, aponta o relatório (no Brasil, são 7%). O acesso a creches e pré-escolas também é essencial, ao dar os incentivos que a grande maioria das crianças oriundas da pobreza não têm em casa. “Mas não é qualquer creche que faz efeito. Ela precisa ter qualidade; do contrário, pode inclusive atrapalhar”, pondera Leandro Costa, economista do Banco Mundial.

Vizinho do Brasil, o Chile tem um bom exemplo a dar neste campo: há uma década foi estabelecido lá um programa que acompanha a criança do útero aos 9 anos, do pré-natal da mãe à saúde e à vida escolar da criança. A Colômbia conseguiu incentivar o aparecimento de um monte de pequenas creches comunitárias, que resolvem de forma barata e eficiente o problema da escassez de vagas. E o Brasil, vai esperar 260 anos?

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