Contra o alarmante avanço dos agrotóxicos no Brasil, a agricultura orgânica prospera

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Comemorado na última quarta-feira (16), o Dia Mundial da Alimentação foi instituído como forma de conscientizar sobre a importância da alimentação saudável. A quinta-feira (17), coincidentemente, abriga o Dia da Agricultura. Os dois tópicos têm igual importância no debate sobre a alimentação, evidentemente — mas hoje ocupam lados quase distintos. De um, a agricultura tradicional, que faz uso de agrotóxicos; de outro, a agricultura orgânica e sustentável, cada vez mais popular no Brasil e no mundo.

Aqui, cresce a preocupação entre especialistas em alimentação diante do número de agrotóxicos que estão sendo liberados pelo governo federal: somente este ano, foram cerca de 390.

Professor do curso de Nutrição do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) Luiz Fernando Ferreira observa que as áreas de produção de alimentos orgânicos têm aumentado — mas que, paradoxalmente, a produção com agrotóxicos avança no mesmo passo.

“Esses venenos que são colocados nos alimentos trazem todo tipo de risco à saúde, inclusive para o sistema nervoso — além, é claro, de muitos serem cancerígenos”, diz.

Contaminação

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cerca de 64% dos alimentos que são consumidos convencionalmente pelos brasileiros estão contaminados por agrotóxicos. O número é ainda mais assustador quando comparado ao resto do mundo. Em um levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil ocupa o 44º lugar no ranking de países que mais consomem agrotóxicos.

Em contrapartida, dados do último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, de 2006 a 2017, o número de estabelecimentos agropecuários com a certificação de produção orgânica cresceu mais de 1.000% no Brasil — saltando de 5.106 para 68.716, ao todo. O crescimento acompanha uma tendência observada em vários países do mundo.

Consumidores

Essa situação preocupa não só os especialistas, mas também os consumidores. De acordo com uma pesquisa do Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável de 2019, cerca de 19% dos entrevistados tinham consumido produtos orgânicos em um período de 30 dias. Desse valor, 84 % consumiam esse tipo de produto por serem mais saudáveis.

Nathalia Patrão, de 23 anos , é nutricionista e consumidora de produtos orgânicos. Ela explica que ainda consome certos produtos industrializados, mas somente aqueles menos nocivos.

“Eu aindo uso alguns para lanches, como chips de tubérculos”, conta.

Gustavo de Lima, estudante de 24 anos, também não parou totalmente de consumir alimentos convencionais e industrializados. Ele acredita que a tendência é que a oferta dos produtos orgânicos aumente.

“As pessoas estão cada vez mais conscientes de que é bom ter uma alimentação saudável”, diz.

Mudança

Para o professor Luiz, o consumo de alimentos industrializados e não-orgânicos deve mudar à medida que a população tiver mais acesso à informação. Ele acredita que a tendência é que os produtos orgânicos se popularizarem como forma de negar o avanço dos agrotóxicos na indústria agropecuária brasileira.

“O consumo de alimentos orgânicos precisa ser uma mudança cultural”, diz.

 

JBr

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