Mesmo proibido, cigarro eletrônico é cada vez mais popular no Brasil

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Os cigarros eletrônicos são cada vez mais populares no Brasil, mesmo com a proibição da venda do produto. Atualmente, a Anvisa analisa se libera e regulamenta comercialização. A indústria de tabaco alega que o produto funciona como redutor de danos para quem quer parar de fumar. Já especialistas dizem que ele provoca prejuízos muito graves à saúde. Nos Estados Unidos, um tipo mais perigoso de cigarro eletrônico virou epidemia entre adolescentes.

 

“Antes de tudo, eu diria a eles que sinto muito que o filho deles esteja usando o produto. Não é pra eles. Espero que não tenhamos feito nada que os tenha atraído”.

A declaração é de Kevin Burns, CEO da Juul, empresa americana de cigarros eletrônicos, em resposta a um jornalista que perguntou qual recado ele daria aos pais de um jovem viciado.

O Juul parece um pen-drive e virou febre entre jovens americanos. Nos Estados Unidos a venda de cigarros eletrônicos é permitida – e a publicidade não tem regulação. Resultado? Em três anos, dois milhões de estudantes se viciaram no Juul, de acordo com a FDA, agência americana para drogas.

Durante muito tempo o produto foi vendido como se não tivesse nicotina. Mas Stella Martins, integrante da Comissão de Combate ao Tabatismo da Associação Médica Brasileira, explica que o Juul tem nicotina em forma de sais diluídos em ácidos. A absorção pelo cérebro é muito mais rápida, e o produto, bem mais viciante.

“Eles estão tendo que interná-los e sedá-los. Quando eles ficam sem a nicotina, com a síndrome da abstinência, eles ficam extremamente agressivos, irritados, incontroláveis”

O Juul é a quarta geração de cigarros eletrônicos. Tem mais nicotina que os antecessores e há mais de um ano é consumido no Brasil. Os eletrônicos da primeira geração são uma réplica do cigarro convencional. Os da segunda, lembram uma caneta. Os da terceira, foram apelidados de tanque, porque tem um recipiente onde se coloca o líquido.

Em todos os casos a nicotina é aquecida junto com outras substâncias que causam danos, como propileno glicol e glicerol, Não há queima, portanto não há liberação de alcatrão e monóxido de carbono. Os fabricantes dizem que os danos são 90% menores do que o cigarro comum, mas não há evidências científicas disso.

Um jovem entrevistado pela CBN que não quis se identificar ganhou um vaporizador de presente dos amigos. Ele se viciou a ponto de ficar quatro dias internado após uma crise aguda de bronquite.

“Você tira ele rapidinho, dá uma puxada e já guarda na mala. Ele traz muita facilidade. Eu fumava o dia inteiro. Foi me dando tosse, mais tosse, até que fui internado quatro dias. Tive que tomar oxigênio. Foi bem grave.”

Muitos países permitem a comercialização e muitos a proíbem. Poucos autorizam o uso como redutor de danos pra quem quer largar o cigarro convencional. A Organização Mundial da Saúde concluiu que os cigarros eletrônicos são “indubitavelmente prejudiciais” e devem ser regulados. A entidade desaconselha o consumo como redução de danos.

O consumo no Brasil não é ilegal, mas a venda, sim, desde 2009. Mesmo com a proibição, os produtos podem ser facilmente comprados pela internet. O comunicador Willian Sassano adquiriu um dessa forma. Ele consome tabaco e maconha e acredita que os cigarros eletrônicos são vantajosos na comparação com o convencional.

“É muito prático. Você usa a quantidade que quiser, a hora que quiser e não incomda ninguém. Dá pra comprar fora do Brasil ou pela internet. Tem gente que traz celular de fora e tem gente que traz vaporizador. Eu uso um de líquido e um de maconha. Os vaporizadores não estão na ‘quebrada’. Estão na mão da classe média. O mais baratinho vai custar R$ 300, R$ 400”

Em 2016, o Instituto Nacional de Câncer publicou um documento apontando ao menos sete compostos cancerígenos nos cigarros eletrônicos, incluindo chumbo, ferro e cromo.

Stella Martins cita ainda um estudo do Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos que aponta que usuários de cigarros eletrônicos tem 42% mais chances de ter infarto, 50% de desenvolver asma e 71% de sofrer derrame.

“A gente não tem como dimensionar qual vai ser o impacto na saúde daqui a 30, 40 anos. Tudo que a gente tem disponível para atacar a dependência à nicotina, todos os medicamentos, comprimidos, adesivos, gomas ou pastilhas, elas não servem para esses adolescentes. Eles entram num sofrimento muito grande quando eles não têm acesso à nicotina.”

De São Paulo, Izabela Ares e Guilherme Balza

 

 

 

Redação/ Foto: Pixabay

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