‘Não criticaria Ibaneis em público’, diz Paco Britto; conheça vice-governador eleito do DF

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Eleito vice-governador do Distrito Federal para os próximos quatro anos, o empresário Paco Britto (Avante) afastou o risco de ser considerado um “vice decorativo” antes mesmo de tomar posse. Logo após vencer nas urnas pela primeira vez, passou a coordenar a transição para o futuro governo Ibaneis (MDB).

O gabinete, uma espécie de quartel-general do governo eleito, foi montado no Centro Internacional de Convenções de Brasília. Diariamente, Britto atua na articulação entre a atual gestão, de Rodrigo Rollemberg (PSB), e os possíveis sucessores. Além de articular acordos, o vice tem que submeter esses nomes ao crivo do governador eleito.

Em entrevista ao G1, Paco Britto disse reconhecer que esta atribuição tem prazo para terminar. “Eu, acabando a transição, voltarei a ser vice. Cumprirei o que a Lei Orgânica prevê e as missões que Ibaneis me delegar. Eu sei o que sou: vice. Sei o que eu quero ser: vice. E sei o que vou fazer: Ibaneis [ser] o melhor governador do DF.”

Em meia-hora de bate-papo, nesta quinta (8), ele repetiu termos como “lealdade”, “parceria” e “fidelidade” pelo menos 15 vezes. São os atributos que ele julga essenciais para manter uma boa relação entre os dois colegas de chapa – mesmo se houver, nos bastidores, algum atrito.

“[Se houvesse ponto crítico de discordância] Eu conversaria com ele, não criticaria. Somos governo, feito por ele e por mim. Temos que conversarmos entre nós para chegar a uma solução. A única coisa que não se resolve é a morte. Política é ceder, é conversar.”

“Não houve nenhum impasse até hoje. É uma pessoa firme, mas que aceita sugestões e se corrige se você tiver um bom argumento. Minha relação com Ibaneis é 100% lealdade, amizade, fidelidade e parceria.”

Atual presidente regional do Avante – desde quanto o partido ainda se chamava PTdoB –, a atuação de Paco até agora estava restrita aos bastidores da política do DF. Confira, abaixo, quem é o empresário que assumirá a vice-governadoria em janeiro.

Trajetória

Marcus Vinicius Britto de Albuquerque Dias, de 54 anos, nasceu no Rio de Janeiro. A tentativa frustrada de falar o próprio nome quando criança deu origem ao “Paco”. “O apelido ficou. Minha mãe só me chamava pelo meu nome quando estava brava”, brincou.

Aos 10 anos, embarcou sozinho para Brasília para morar com o avô, Flávio Britto, então senador pelo Amazonas. Segundo o vice, a paixão por política nasceu naturalmente e é reflexo da vivência e da rotina que eles compartilhavam em casa, na Asa Sul.

“Vivi no meio político. Acho que ele aquele pessoal mais antigo tinha algo que não tem hoje tanto: lealdade, amizade. Acho que herdei isso.”

Paco deixou a capital federal apenas para fazer faculdade de administração, em Ribeirão Preto, mas voltou em seguida. O curso foi escolhido em busca de uma “forma de se sustentar”. Com o mesmo intuito, ele trabalhou desde os 15 anos como vendedor, representante comercial e empresário.

“Não é que nasci em berço de ouro, mas tive uma vida tranquila. Porém sempre gostei de trabalhar e ganhar meu dinheiro”, afirmou. “Hoje sou mais político do que administrador.”

Há 32 anos, é casado com a advogada e empresária Ana Paula Hoff, com quem tem três filhos: Catharina, de 22, Cristiano, de 18, e Flávio, de 16. Os dois mais velhos cursam medicina. Juntos, viajam uma vez por ano para algum país diferente.

“Conhecemos quase todos os continentes. Só não a Antártica. Mas agora com a nova rotina deve ficar mais complicado”, reconheceu, ponderando os novos papéis que assume com o cargo.

Na política

O embarque oficial para a política partidária surgiu há 11 anos, quando foi convidado para resolver um conflito dentro do PTdoB. Hoje, na legenda rebatizada de Avante, Paco Britto é presidente regional e secretário-geral nacionalmente.

“Gosto de estruturar o meu partido, montar. Em uma eleição, elegi um deputado. Aí fiquei a outra eleição sem deputado. E agora, em 2018, fizemos dois na Câmara Legislativa.”

Pelo bom trânsito no meio político, foi chefe da Secretaria Institucional da gestão de Maria de Lourdes Abadia (ex-PSDB), em 2006. A indicação partiu do ex-governador Joaquim Roriz. “Tenho uma admiração muito grande por ele. Éramos amigos.”

Os caminhos se cruzaram com o de Ibaneis perto das eleições. Segundo o vice, as pesquisas internas estimavam apenas 0,2% das intenções de voto. Já ao fim do pleito, as urnas mostraram um resultado quase 350 vezes maior: 69,8% dos votos. Ou seja: no começo, a eleição não estava sequer nos planos.

“Eu comecei a esperar uma vitória após ver os debates. A cada debate que Ibaneis participava, pulava nas pesquisas. E também tem o jeito de ele ir à rua. Ele se identifica com a população. Tem uma pegada! Mas eu imaginava estar no segundo turno. Isso eu acreditava. O trabalho era para levá-lo ao segundo turno.”

Outra vida

Fã de automobilismo e dono de carros de coleção (incluindo um jipe de 1941), o vice-governador conta ter mudado radicalmente de vida há três anos. Durante uma viagem com a família à Indonésia, sofreu um infarto. O diagnóstico dos médicos: três veias entre 70% e 100% entupidas. Nas palavras dele, estava “morto em pé”.

“Isso foi um divisor de águas para mim. Os valores mudam completamente. Eu estourado. Fiquei mais paciente, calmo, amoroso. Influi diretamente na cabeça. A visão geral agora é outra.”

Como recomendação médica, busca caminhar pela quadra onde mora, no Lago Sul, com a mulher, os filhos, dois cachorros, uma calopsita e uma tartaruga. No fone de ouvido, bandas nacionais como Paralamas e Barão Vermelho.

Outra rotina que busca é a de “não virar escravo do WhatsApp”. As mensagens têm o momento certo para ser consultadas. Nada de ficar na tela 24 horas – só abre o aplicativo de manhã, no almoço, no meio da tarde e à noite.

Já com Ibaneis, o contato é direto. “Falo com ele ao longo do dia, ou pessoalmente ou por ligação mesmo. Quase toda manhã, despachamos juntos.”

Fonte: G1

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