Wellington Luiz: “Falta a Rollemberg criatividade, disposição e coragem para fazer”

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Por Josiel Ferreira

O vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o policial civil e  deputado Wellington Luiz (MDB), que dispensa ser chamado de senhor ou excelência, em entrevista ao Tudo OK Notícias, critica acidamente e não poupa o governador Rodrigo Rollemberg  (PSB-40). Avalia que faltou, em suma, ao governador ao longo do mandato três principais atitudes. São elas: criatividade, disposição e principalmente, coragem para fazer. Mais abaixo, ele detalhou como vê o comportamento de Rollemberg à frente do DF que recebe mensalmente R$ 13 bilhões da União para gerir o DF.

Quanto ao trabalho desenvolvido a frente da vice-presidência da CLDF, Wellington cobra e incentiva seus pares a fiscalizar o Governo do Distrito Federal (GDF). Para tanto, utiliza o Tribunal de Contas o Distrito Federal (TCDF) como um dos principais instrumentos canalizando demandas desde cidadãos, sindicatos até dos próprios colegas deputados. Assim, entende, que o parlamentar cumpre o seu papel e tem obrigação de usar o tribunal em defesa dos interesses do povo.

Rollemberg por Wellington

Tudo Ok Notícias pediu ao deputado do MDB que fizesse uma avaliação do governador Rollemberg, num momento em que falta menos de seis meses para acabar o mandato. As principais áreas delimitados foram saúde, educação e segurança.

Para Wellington, considerando que é líder de oposição, assim sendo tem olhar muito crítico, é preciso ser “bem responsável” para avaliar o desempenho do governador do Distrito Federal. Para tanto, ele se baseia no que já foi manifestado por intermédio das pesquisas de opinião. “Se você pegar hoje a avaliação das principais pesquisas de Brasília, jamais um governador nosso teve uma situação em que se encontra Rodrigo Rollemberg”, enfatizou.

“Deu errado”

Nascido e criado em Brasília, na visão do experiente político, o que se vê não é o que ele desejaria que ocorresse com o chefe do Executivo do DF.

“Tudo o que está dando errado no governo dele, se a segurança não está funcionando, meus filhos, minha mulher, meus irmãos e os cidadãos, você mesmo, estão correndo risco nesse momento. Então, eu não tenho que torcer para dar errado, tenho que torcer para dar certo. Lamentavelmente deu errado”, explicou.

A resposta para a avaliação de Rollemberg, na visão de Wellington, se baseia no grau de insatisfação da sociedade que chega ao parlamentar no dia a dia.

“Na minha opinião, as crises criadas pelo governador e não só por ele, por seus secretários, pela falta de habilidade no trato com o setor produtivo, com os diversos segmentos da sociedade, lamentavelmente, é muito ruim. A ponto de ele ser um dos governadores mais mal avaliados do País, salvo engano o antepenúltimo. Aí, não é o Wellington que está dizendo isso. São as pesquisas que estão demonstrando a situação grave que vive o político Rodrigo Rollemberg”, considera o parlamentar.

“E volto a dizer. Não o que eu desejo. Gostaria que este e o futuro governador fossem bem avaliados, porque se o governo dele der certo, quem ganha somos nós, enquanto cidadãos do Distrito Federal”, complementa Wellington.

Criatividade, disposição e coragem

Quando indagado pelo Tudo Ok Notícias sobre o que faltou para Rollemberg obter sucesso no seu mandato, Wellington, de primeira, observou que o comportamento do governador não deverá ser alterado.

Daqui para frente, o deputado não crê que haverá uma mudança radical na tocada da gestão do GDF. “Se ele tivesse feito isso de julho para cá, aí tudo bem, mas agora não acredito”, frisou.

No entendimento do vice-presidente da CLDF, o DF passa por uma crise financeira enorme, mas passa desde a época de Israel Pinheiro.

“Se a gente começar a contar do primeiro governador, não dá para a gente ficar nesse chove não molha o tempo inteiro. É para isso que nós renovamos os mandatos, porque se quer algo diferente”, arguiu o parlamentar.

Mas o que realmente se deixa a desejar no perfil de Rollemberg? “Na minha opinião, o que falta para ele, é criatividade, disposição e principalmente, coragem para fazer. Você tem que enfrentar as dificuldades. Não dá para você ficar num canto chorando a vida inteira. Sem ter medo de apanhar. É natural que hajam as críticas da imprensa. Primeiro é preciso ter humildade para reconhecer que errou e depois você tem que ter a disposição para mudar. A coragem para fazer diferente”, enfatizou Wellington.

Rollemberg mal assessorado

Se falta assessoria para o governdor do DF isso é inerente até aos secretários, para o deputado distrital. Wellington admite que Rollemberg tem bons secretários. No entanto, de acordo com ele, o problema é que esses bons secretários não são ouvidos em razão da blindagem dos péssimos secretários, principalmente daqueles ligados ao partido dele.

“Isso é  muito ruim. Então, gostaríamos  que o governador Rodrigo Rollemberg pudesse ter uma visão mais ampla das necessidades da população. Está faltando a coragem para fazer, a disposição, tendo que mexer naquilo que contraria os interesses. E contraria mesmo. Eu não posso atender só os meus interesses. A impressão que a gente teve é que faltou tudo isso para ele. Não acredito que depois de quase quatro anos, em seis meses, ele vá fazer alguma coisa diferente”, reitera o deputado distrital.

Em relação a recursos para o DF, na visão de Wellington, o governador já saiu do limite providencial. Lembrou que foram aprovadas leis na Câmara Distrital, uma verdadeira covardia na questão de Previ, onde abasteceu bem os cofres do GDF.

“Nenhuma unidade da federal tem a sua disposição algo acima dos R$ 13 bilhões, que todo o mês de forma sagrada até o quinto dia entra na nossa conta. Ele paga os principais setores públicos, das principais áreas, com o dinheiro da União.

Ser político é a arte de ouvir. Tem que se fazer depois de se ouvir. Define-se prioridades depois de ouvir o povo”, defente Wellington.

Lupa nos gastos

A Câmara Legislativa do DF aprovou em março dois projetos de lei do Executivo que prevêem abertura de crédito suplementar à Lei Orçamentária Anual no valor de R$ 470 milhões. Desse total, cerca de R$ 100 milhões já tinham destino. Claro, a nomeação de aprovados em concursos públicos de diversas áreas.

Tudo OK Notícias quis saber se Wellington e seus colegas da Casa têm acompanhado de perto o destino desses valores e também se realmente tem chegado ao destino precípuo.

Wellingnto afirmou que em parte os recursos tem alcançado o destino definido. No entanto, há uma preocupação uma reclamação muito grande dos candidatos. “Uma vez que havia o compromisso quando nós aprovamos esse crédito o objetivo principal era esse, a contratação imediata”, explica.

No entanto, de acordo com o deputado distrital, o resultado prático não tem sido esse. Estão alocados lá os recursos, mas não está havendo na medida da expectativa criada pelos concursados.

“Então queremos que isso aconteça o mais breve possível. Até porque não há nenhuma imposição por parte da lei eleitoral que impeça a contratação. Já que concursos que estavam em andamento”, ressalva o parlamentar.

Segundo Wellington, a Casa tem cobrado de forma muito incisiva do GDF, “principalmente nós que somos parlamentares muito cobrados pelos interessados, pela população, e como somos porta-vozes da comunidade e dos interessados a gente tem feito isso de forma veemente, principalmente na área da saúde. É uma das maiores necessidades, hoje, do Distrito Federal.

“Eu falei com o secretário de Saúde que todas as vezes criam uma dificuldade nova, que tem outras prioridades, mas que não consegue entender que sem a contratação de mão-de-obra especializada nós vamos conseguir sair dessa crise que vive a saúde pública do Distrito Federal.

De olho no trâmite

Um detalhe preocupa Wellington no que se refere à possibilidade de ser alterada a destinação desses recursos. “A gente fica de olho para que isso não aconteça. É uma prioridade hoje, uma necessidade da população do distrito federal o investimento na saúde. Portanto há uma preocupação enorme para que os recursos sejam devidamente aplicados nesse caso específico na área da saúde”, ressaltou.

Sobre se o governador Rodrigo Rollemberg agravou mais ainda o problema da Saúde no DF com a Portaria nº 511 que alterou as regras de fornecimento de alimentação hospitalar a pacientes, acompanhantes e servidores da Saúde, Wellington entende que “agravou de forma desnecessária”.

“Nós entendemos que independente da licitação, a suspensão ou a redução não se fazia necessária. Independente da empresa que ganhou porque isso está bem claro no ato do contrato. Isso quem estabelece é o gestor. O gestor que tem que definir o regramento e de como tem que ser feito. Até porque isso é muito pequeno dentro do Orçamento destinado à saúde pública do Distrito Federal.

Wellington esclarece que a Mesa Diretora solicitou que os valores fossem passados. São números que vêm de forma divergentes. O pedido foi para a Secretaria de Saúde no prazo máximo de cinco dias úteis “para que a gente conheça os valores e o porquê dessa determinação tão absurda, que não encontra respaldo, legitimidade e muito menos vai achar uma solução. Isso é economia de palito em festa de caviar. Não dá para entender qual é a lógica.

Wellington entende que a preocupação é se por acaso se tira um servidor que está no seu horário de trabalho para ele se alimentar e que irá demorar uma hora, por exemplo, o que se tem é número insuficiente de servidores para o trabalho fluir.

Nesse caso, “então você vai desfalcar e continuar com ele sem condições de saúde. É orgânico, sem alimentação ele não vai produzir. Então é desnecessário e é uma decisão que nós não encontramos nenhuma lógica plausível para ter sido tomada pelo governo”.

“Irresponsável e criminosa”

Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2015 e 2016, cerca de 30% do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) foi destinado para pagar dívidas. A distribuição dos recursos desse Fundo pelo Governo Rollemberg foi classificada como indevida pelo TCU. Ao ser questionado se a distribuição da verba do FCDF é irregular, Wellington afirma que diria até mais, ou seja, que se trata de uma ação “irresponsável e criminosa”.

Ele explica que o FCDF foi criado pela lei 10.633, com regramento próprio com critérios os quais não estão sendo obedecidos. “Tanto é verdade que o TCU pela primeira vez na sua história, desde 2002, quando foi criado, criou-se um regramento em razão da má utilização dos recursos do FCDF, de forma indevida pelo Distrito Federal. É obvio que há um julgamento em andamento, mas nós já sabemos que a forma utilizada pelo Distrito Federal é irregular e ilegal”, acrescentou o vice-presidente da CLDF.

Tribunal de Contas um aliado

Wellington é da opinião que o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) constitui-se um importante instrumento no processo de fiscalização do Executivo. Para ele, a aproximação entre os deputados distritais e o TCDF é de suma importância. Por coincidência, na mesa do gabinete de Wellington se encontrava uma representação contra órgãos do GDF junto ao Tribunal de Contas. “O pessoal brinca que eu sou conselheiro ad-hoc. O deputado tem o seu papel, ele tem instrumentos à sua disposição. Um deles, dos mais importantes é TCDF. E eu utilizo muito”, disse.

Inclusive, o parlamentar conta que uma das conselheiras do tribunal brinca que o “conselheiro Wellington” está lá todos os dias. “Eu uso muito isso, eu entrei com uma representação essa semana e estou com outra pronta para entrar porque é uma necessidade. E se é um órgão importante, você tem que usá-lo. Eu perdi a conta de quantas representações eu já fiz. O parlamentar tem que usar melhor o TCDF.Se eu utilizar mais um pouco é capaz de eles me expulsarem de lá.

Wellington conta ainda que quando sindicatos ou mesmo servidores o procuram no gabinete para representar junto ao tribunal os deputados alguma demanda ele colabora. “Deputados, quando querem ir ao Tribunal de Contas vem a nós, porque eu criei uma relação por conta desse sentimento. Se chegar lá e perguntar para servidores por mim, irão responder esteve aqui ontem, esteve antes de ontem, porque estamos lá com muita frequência”.

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