Para o bem e para o mal, “Malévola 2” oferece mais do mesmo

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Apesar do seu nome, Malévola não é tão má assim: fez a princesa Aurora picar o dedo na agulha de uma roca envenenada a fim de fazê-la dormir pela eternidade, mas terminou por ceder aos sentimentos e criou-a como filha, com afeição tão genuína que a princesa nem precisou de anos de análise para digerir esse início ruim de relação e afeiçoar-se também. Ficou tudo perdoado, então – e isso é mais ou menos tudo o que acontecia em Malévola, a versão de A Bela Adormecida que, apesar de paradona, fechou suas contas com 760 milhões de dólares. De onde, é claro, a Disney agora estica o conto original (publicado pela primeira vez em 1697, por Charles Perrault) em Malévola: Dona do Mal, que trata de como Aurora, promovida a rainha das terras mágicas, aceita o pedido de casamento do simpático príncipe do reino vizinho e ganha o apoio entusiasmado do pai do noivo. Porém não da mãe dele (pelo jeito, problemas com figuras maternas são padrão na vida de Aurora). Ingrith, a rainha elegantésima interpretada por Michelle Pfeiffer com sorrisos falsos e pragas murmuradas entre dentes, é uma pérfida: tem lá seus traumas com as criaturas encantadas, e acha que isso lhe dá o direito de tramar e conspirar. O primeiro passo, claro, é fazer com que os humanos voltem a temer a bruxa de olhos de um verde inatural, maçãs do rosto afiadas, chifres retorcidos e asas imensas, que Angelina Jolie de novo encarna de maneira estatuesca – linda, e bastante imóvel.

As atuações sem vida eram já o problema do primeiro filme, e ele se repete aqui. Nem Sam Riley, como o corvo Diaval, que às vezes assume forma humana, consegue movimentar suas cenas, e o desempenho de Elle Fanning (que em outras situações pode ser ótima atriz) como Aurora é tão mortiço e infantil que causa constrangimento. Há um entrecho passado em uma ilha de criaturas semelhantes a Malévola que também não convence muito no seu apelo de praxe à diversidade e à comunhão entre adversários que não necessitariam sê-lo. Mas o visual de Malévola é de novo lindo, e a troca de diretor, do americano Robert Stromberg para o norueguês Joachim Ronning, melhora um bocado a ação, especialmente no estirão final do filme – apesar de uma cena danada de chata em que a personagem da atriz Jenn Murray, que faz Chastity Barebone em Animais Fantásticos, toca órgão numa igreja – e toca, e toca, e toca, e parece que não vai parar nunca mais. Pessoalmente, entre as novas versões live action da Disney, prefiro mil vezes Cinderela e A Bela e a Fera: elas têm mais humor, mais encanto, mais vivacidade. Mas quem gostou do primeiro Malévola não há de se decepcionar com a continuação. Ela tem os mesmos defeitos, e um pouco mais das mesmas qualidades.

 

MALÉVOLA: DONA DO MAL
(Maleficent: Mistress of Evil)
Estados Unidos/Inglaterra, 2019
Direção: Joachim Ronning
Com Angelina Jolie, Michelle Pfeiffer, Elle Fanning, Sam Riley, Chiwetel Ejiofor, Ed Skrein, Jenn Murray, Warwick Davies, Lesley Manville, Imelda Staunton, Juno Temple, Harris Dickinson
Distribuição: Disney

 

Fonte: Veja.com.br

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