Esvaziamento do grupo da Lava Jato na PGR pode prejudicar investigações

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Dr. Augusto Aras durante Seminário Poder Judiciário e Eleições. Brasília-DF, 05/12/2017 Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE

 

 

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio George Cruz da Nóbrega, afirmou neste sábado (27) que o esvaziamento do grupo da Lava Jato na Procuradoria Geral da República (PGR) pode prejudicar o andamento das investigações.

 

“Nós vemos com muita preocupação a constante saída de membros do grupo da Lava Jato na Procuradoria Geral da República porque isso pode de fato atrapalhar as investigações e ações em curso”, afirmou o presidente da ANPR.

Nóbrega também disse ser preciso defender “com veemência” a independência funcional de cada membro do Ministério Público brasileiro.

Em junho, quatro dos sete procuradores do grupo na PGR pediram para deixar a função. Restaram dois procuradores e a coordenadora do grupo, a subprocuradora-geral da República, Lindora Araújo.

As saídas foram motivadas por são discordâncias quanto a ações da coordenadora, que é uma das auxiliares mais próximas do procurador-geral da república, Augusto Aras.

Carlos Fernando Lima, ex-procurador da Lava Jato no Paraná, alertou para a perda de independência das investigações.

“O que acontece no Ministério Público Federal é a destruição de todo um trabalho que vem desde a constituição de 88. O PGR atenta contra a independência das investigações e intimida as equipes de investigação”, disse Lima.

Segundo integrantes da força-tarefa no estado, Lindora pediu também acesso ao sistema de gravação de chamadas telefônicas recebidas pelos procuradores, adotado em 2015, para prevenir ameaças.

Ainda de acordo com os procuradores, a coordenadora da Lava Jato na PGR não formalizou os pedidos de acesso, nem disse se existe procedimento instaurado que justificasse o compartilhamento de dados.

A ação de Lindora Araújo foi considerada, pelos procuradores no Paraná, fora do padrão e pareceu indicar que havia uma investigação sobre a força tarefa.

Os fatos relatados pelos procuradores do Paraná já está sob análise da Corregedoria do MPF. Há expectativa de que Lindora apresente explicações à Corregedoria nos próximos dias.

Nos bastidores, o que se comenta é que os procuradores que saíram já vinham se queixando que o grupo na PGR estava perdendo espaço. A PGR não quis se manifestar sobre a saída dos procuradores.

O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, disse neste sábado, em nota, ter estranhado a ação da procuradora.

“Aparentemente, pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba. Não há nada para esconder nas investigações, embora essa intenção cause estranheza. Registro minha solidariedade aos procuradores competentes que preferiram deixar seus postos em Brasília”, disse Moro.

A PGR disse que a subprocuradora-geral fez a visita aos procuradores no Paraná na condição de coordenadora da Lava Jato e que, desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a Procuradoria e as forças-tarefas nos estados.

Segundo a PGR, a visita foi previamente agendada, há cerca de um mês, e foi uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações.

A procuradoria afirmou que não se buscou compartilhamento informal de dados, que a solicitação de compartilhamento de dados foi feita por meio de ofício datado de 13 de maio, e confirmou que pedido semelhante foi enviado às forças-tarefas de são paulo e do rio

A PGR ressaltou também que os assuntos da reunião de trabalho, como é o normal na Lava Jato, são sigilosos.

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