Ministros do Supremo classificaram visita abrupta de Bolsonaro de “armadilha midiática”

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O fato de o Supremo ter ficado do lado da lei que foi favorável aos governadores terem independência do Governo Federal para decidir se continuariam ou não com isolamento foi a motivação de Bolsonaro para fazer essa surpresa a Toffoli, interpretada como uma “armadilha midiática” por ministro da Côrte Suprema?

O tom do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, durante a reunião com as presenças do presidente Bolsonaro e representantes de empresários pela manhã denotou um certo desconforto. Repare na feição de Toffoli mais do desconfortável.

Em sua breve fala, Toffoli  cobrou um planejamento do Governo Federal para a saída da do isolamento em âmbito nacional. Em outras palavras lembrou que não foi montado plano de coordenação do processo de retomada da economia envolvendo empresários, governadores, prefeitos, ministros em busca de uma alternativa para fazer a economia girar. Nesse momento, Bolsonaro nem olhou para Toffoli, ouviu o preidente do STF olhando firmemente para os empresários.  

Apesar de a assessoria do STF divulgar que a reunião estaria pré-agendada, a informação que se teve no final desta tarde é que partiu da assessoria do Palácio do Planalto o contato para agendar abruptamente o encontro. Toffoli foi pego de surpresa.

Os empresários ficaram sem reação pois a ida ao STF não estava na programação. “Convite de presidente da República não se recusa”, afirmou um dos empresários que participou reunião no Palácio do Planalto e no STF.

Um outro dos participantes argumentou que montar uma fábrica, ou vender produtos é mais fácil do que os consumidores terem liquidez financeira para poder consumir. As pessoas estão sem poder de compra.

Reação negativa

O Supremo Tribunal Federal viu “armadilha midiática” na ida do presidente Jair Bolsonaro até a corte com um grupo de empresários. Na avaliação de ministros da corte, Bolsonaro a usou para mostrar a um importante setor da economia nacional —o da indústria — que não está sozinho no embate com autoridades pela flexibilização do isolamento social e, consequentemente, pela reabertura da economia.

O incômodo foi tamanho que Toffoli cuidou, em estilo cordial, de responder ao presidente. Em sua fala na reunião, Toffoli disse ver a “necessidade de um planejamento organizado na retomada da economia” e que “essa coordenação do Poder Executivo junto com ministros de estados e municípios é fundamental”. Sugeriu ainda um “comitê de crise envolvendo a federação e poderes e empresariado”.

A reação nos bastidores do STF ajudou a sustentar a reação de Bolsonaro, que apontou no final da tarde que “parte da responsabilidade também é parte do Supremo”.

A troca de farpas ocorre no dia seguinte a outra crise crise nos bastidores. Os ministros-generais do Palácio do Planalto, Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) foram intimados a depor pelo ministro do STF Celso de Melo, que deixou claro que se eles se recusarem serão conduzidos coercitivamente.

Ontem, os generais haviam mandado recado a Toffoli de que consideraram desnecessária a forma e que iriam deixar claro a insatisfação durante os depoimentos na investigação que apura a acusação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro tentava interferir na Polícia Federal.

O que se vê em Brasília é o presidente Bolsonaro colocando no colo do STF as reivindicações de empresários presencialmente. Por sinal, desejam a volta das atividades econômicas para evitar uma crise maior.

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